Mestre Conselheiro: André Peressoni Bernard
"Olá! Meu nome é André Peressoni Bernard, também conhecido dentro da Ordem DeMolay como “Pepe”, “PP” e afins. Sou natural de Florianópolis/SC, terra do nosso Capítulo. Me graduei em Sistemas de Informação na UFSC no ano de 2017, com TCC focado em internacionalização de empresas de TI. No ano seguinte comecei o mestrado em Gestão do Conhecimento, também na UFSC, com dissertação focada em inovação corporativa. Durante a minha vida trabalhei em áreas que envolviam tecnologia e gestão, minhas paixões.
No que tange o universo DeMolay, minha trajetória é curiosa. Desde pequeno participei de eventos e convivi com pessoas relacionadas à maçonaria, pelo fato do meu Vô ser maçom. Entretanto, o curioso é que apenas “descobri” isso quando comecei a ouvir falar de DeMolay, por meio de meus amigos do Colégio Catarinense. Aliás, falando sobre eles, metade dos meninos da minha sala eram DeMolays, e eu fui convidado para iniciar por 4 anos (entre 2009 e 2012), mas sempre relutei o convite. No primeiro convite, por sinal, cheguei a aceitar, ser escrutinado e desisti na semana da iniciação. Minha justificativa sempre era de que achava que não gostaria da Ordem, e inclusive reclamava que eles só sabiam falar de DeMolay no dia a dia. Quando já estava no meio da faculdade, com quase 19 anos, decidi por aceitar a proposta, com o pensamento de que “Se eu gostar, tenho 2 anos para aproveitar. Se eu não gostar, só preciso ficar 2 anos lá e viro Sênior”.
Acontece que eu não só gostei, como me apaixonei. Iniciei em 20 de outubro de 2012, elevei em 19 de maio de 2013, fui destaque da gestão 2013/2, Hospitaleiro em 2014/1, Orador em 2014/2, Primeiro Conselheiro em 2015/1, Mestre Conselheiro em 2015/2 e Sênior a partir de então. Nesse meio tempo consegui participar de todas as comissões do Capítulo, fui Secretário estadual de Filantropia em 2013/2014 e Secretário Regional de Projetos em 2014/2015. Desde que iniciei, participei da posse de todas as 15 gestões, de todos os 7 CEODs e dos 5 Jogos que o Capítulo esteve, além de 2 CNODs e vááários eventos, tanto do Capítulo quanto de fora. Em relação à Ordem da Cavalaria, investi em 9 de abril de 2016, obtive o Grau do Ébano em 18 de agosto de 2017 e encerrei todas as Sublimes Ordens em 6 de abril de 2019, com o Cavaleiro da Cadência.
Mais importante do que qualquer cargo que exerci ou eventos que participei, são as pessoas que conheci, por elas que me apaixonei, elas me mostraram o que era a Ordem DeMolay de verdade. Estou há quase uma década frequentando o Capítulo de forma ininterrupta, sendo a maioria desse tempo como Sênior, pelo fato de acreditar na causa da Ordem DeMolay e ter a certeza que cada um dos meninos é especial, à sua maneira, com suas qualidades e defeitos, e a soma de todos nós que denota nossa força como instituição e pessoas transformadoras da sociedade.
Se eu pudesse definir a gestão 2015/2 de forma extremamente sucinta, eu diria: não convencional! Essa gestão foi diferente, em vários aspectos, tanto positivos quanto negativos. Como líder desse navio, eu diria que navegamos por mares tortuosos, mas com uma tripulação exemplar e digna do tamanho e história da embarcação “Capítulo Florianópolis nº 076”.
Buscando um meio termo entre um modelo profissional e familiar de gestão, o semestre 2015/2 começou bem antes da posse dos oficiais ou mesmo da eleição dos Conselheiros. Foi realizado um planejamento a médio prazo para que pudéssemos implementar aquilo que tínhamos em mente. Esse projeto foi “comprado” e apoiado pelo Capítulo, fato comprovado na eleição dos três Conselheiros, de forma unânime, em uma eleição com 31 DeMolays presentes e 17 votantes. A partir desse momento, nosso trabalho era colocar em prática aquilo que tínhamos em mente.
Como primeira atividade da gestão, seguindo o preceito de que o Capítulo é dos DeMolays e as gestões devem ser pautadas nos interesses deles, fizemos uma pesquisa. Nela, pedimos para que os membros definissem o que era a Ordem DeMolay para eles, qual o objetivo pessoal dele no Capítulo nesse semestre, qual cargo ritualístico desejava, qual comissão gostaria de participar e quais suas ideias/projetos para essa comissão. Com isso, os Conselheiros montaram a administração (escolhendo o presidente e o secretário, que seria um membro mais inexperiente que combinava tanto com o perfil do presidente quanto com o da comissão) e a nominata. Em um momento seguinte, em conjunto com a administração, foi elaborado o plano de gestão, contendo objetivos e metas para cada comissão ao longo do semestre.
Em nosso plano de gestão, estabelecemos os seguintes princípios para a Gestão 2015/2:
Missão: A gestão será voltada para capacitação dos membros e seguimento do processo de profissionalização do Capítulo, com trabalhos unificados e os membros sinergicamente agindo em prol do bem comum. Os membros terão autonomia para realizar aquilo que julgarem interessante, exercendo sua inovação, sempre com a ciência e incentivo dos gestores.
Visão: Ao final da gestão, deseja-se um Capítulo Florianópolis 076 mais capacitado e unido, melhorando ainda mais sua imagem perante a sociedade e trabalhando de forma cada vez mais sinérgica entre DeMolays Ativos, Seniores, Conselho Consultivo, Clube de Mães e todos aqueles que formam esse Capítulo. Junto à manutenção da boa relação e parcerias com as entidades para-maçônicas da região e aspirações cada vez maiores, com projetos grandiosos.
Valores: PP MERDA (Profissionalismo, Proatividade, Meritocracia, Empatia, Renovação, Desenvolvimento e Amor). Essas “7 velas da gestão” estarão sempre em conjunto com as 7 velas cardeais de todo DeMolay.
Logo de início, em menos de um mês de atividades, o semestre já mostrou como seria uma “montanha-russa de emoções”. Como tradicionalmente ocorre, a gestão /2 é corrida, com vestibulares e provas de fim de ano e apenas 2 semanas de férias para planejamento entre as gestões. Era a hora do sprint inicial, nesse momento os membros costumam embarcar em ideias novas e tentar convertê-las em prática. No início da gestão os projetos são idealizados, discutidos e planejados. Soma-se a esse tradicional cenário de início de gestão, um CNOD, movimentos políticos em relação aos Supremos (que vieram a se unificar em 2019) e um momento pessoal delicado do Mestre Conselheiro, no caso esse que vos escreve. Vou explicar por partes, para facilitar o entendimento, mas leve em consideração que as situações ocorriam ao mesmo tempo, tudo misturado.
A ida do Capítulo Florianópolis ao CNOD, em Curitiba, era um projeto iniciado quando organizamos a Macarronada do Floripa, em 2015/1. Os membros que atingissem metas de vendas seriam recompensados com descontos para irmos em peso no CNOD. Essa proposta foi tão bem aceita pelos membros que não apenas batemos o recorde de lucro e presentes em um evento do Capítulo como também estivemos com a maior delegação da nossa história em um CNOD, com 26 DeMolays. Sem dúvidas esse evento foi um dos mais marcantes não apenas da gestão, como da vida DeMolay de vários dos meninos lá presentes.
Já em relação aos movimentos políticos, o embate entre os Supremos tinha voltado a aquecer. O Capítulo Florianópolis, como de costume, era mencionado nessa discussão e algumas “propostas” foram realizadas a mim enquanto presidente da instituição. Como já era do interesse da gestão desde sua concepção, durante o semestre foram realizadas palestras e discussões sobre a Ordem DeMolay, a divisão, os Supremos e afins. Fomos, inclusive, para uma sessão que fazia parte da programação do CNOD do SCODRFB, ocorrido em Florianópolis. O evento era restrito para Capítulos daquele Supremo, porém pedi autorização para participarmos e acabamos por ser a maior delegação dentre todos os Capítulos, com 30 membros presentes. Entretanto, enquanto no princípio do planejamento do semestre a intenção era colocar em pauta uma possível migração de Supremo, por fatos ocorridos nesse início de gestão, eu, enquanto líder do Capítulo, optei por apenas focar na instrução dos membros sobre o histórico, as situações que ocorriam, os movimentos políticos e não pautar uma migração em um momento tão conturbado.
O último, porém não menos importante, dos motivos que fizeram esse início de gestão ser um turbilhão de emoções era o momento pessoal vivido por mim. Em 2015, que seria meu ano de TCC, conclusão da faculdade e início efetivo da vida profissional, um fato marcante mudou o andar das coisas. Em 1º de abril, quando estava saindo de casa, voltando de férias para negociar minha efetivação na empresa em que estava estagiando, meu pai me contou de que estava com câncer e me convidou para trabalhar na empresa da família, junto com ele. No mesmo instante aceitei a proposta, e a partir de então as coisas mudaram um pouco. Deixei meu TCC de lado, tive que “me virar” nessa nova jornada na empresa e estava passando dias bem complicados por conta do tratamento do meu pai. Por exemplo, ele não pôde ir no evento que organizei enquanto Primeiro Conselheiro e nem na minha posse como Mestre Conselheiro. Obviamente eu estava desestabilizado, por essa questão do meu pai, pela situação acadêmica, pelo desafio profissional, bem como pelas situações vividas no Capítulo.
Levando em conta a situação mencionada, essa gestão também me proporcionou provavelmente o momento mais emocionante da minha vida DeMolay, ou até da minha vida como um todo. Na sessão de Dia dos Pais, meus dois Conselheiros (Bernardo Schveitzer e Guilherme Lima) apresentaram a cerimônia do abraço e meu pai, ainda enfraquecido pelo tratamento, fez o esforço de ir na sessão. Eu pude dar um abraço em meu pai com uma emoção e energia que poucas vezes senti na vida. Lembro como se fosse hoje, que após o momento onde os filhos abraçaram seus pais, todos voltaram aos seus lugares e meus Conselheiros e eu ainda estávamos chorando de emoção. Nos olhamos, fizemos sinal de positivo com a cabeça um para o outro, enxugamos as lágrimas e seguimos a sessão. Esse momento nunca sairá da minha lembrança e eu tive certeza, mesmo que ainda houvesse pouca dúvida sobre, que eu tinha ao meu lado os melhores Conselheiros que poderia ter no momento.
Da posse até essa sessão de dia dos pais passaram basicamente 30 dias, e todas essas situações e emoções relatadas. Eu sigo a filosofia de que uma gestão é muito baseada nesse seu início, no seu planejamento e momentos iniciais. No decorrer do semestre, claro que coisas acontecem, mas segue-se muito o que se foi estabelecido nesse começo.
Ao final da gestão foi realizado a #OPINAFLORIPA, pesquisa de satisfação e feedbacks sobre a gestão. Nela, foi solicitado que os membros avaliassem o Capítulo e a gestão; respondessem sobre sua relação com a Ordem DeMolay e o Capítulo Florianópolis; discorressem sobre seu papel no Capítulo; e, relatassem sobre projetos, materiais e lideranças do Capítulo. Ao todo, 46 membros responderam, sendo provavelmente a maior pesquisa da história do Capítulo.
Tive a satisfação de contar com uma administração muito forte e um corpo de membros muito competente, que mergulharam de cabeça no projeto que estabelecemos para a gestão. Foram premiados o presidente de Filantropia, Guilherme Cidade Soares, como destaque de gestão, e o membro Felipe Pereira Martins Schotten como iniciático destaque. Além disso, uma das maiores alegrias que eu tive foi, ao término da gestão, praticamente toda a administração estava interessada em se candidatar na eleição para 2016/1. Dos 10 membros da administração, além de mim, apenas o Tesoureiro não teve intenção de se candidatar. Dos outros 8, 3 se candidataram, 3 tiveram problemas com a candidatura e 2 não foram apenas para dar prioridade para alguém que achavam mais preparado.
A gestão 2015/2 objetivava a realização de novos projetos, onde a responsabilidade fosse passada aos meninos, sendo eles os “donos” do Capítulo. A intenção era evoluir o todo, desenvolver os membros e formar várias lideranças, não acumulando trabalhos nas costas de um ou outro, mas sim cada um sentir o peso das suas responsabilidades.
Pontualmente, podemos destacar na gestão as seguintes realizações:
Participação no Congresso Nacional da Ordem DeMolay, em Curitiba/PR, com 26 DeMolays, maior delegação da história do Capítulo em um CNOD, e no Congresso Estadual da Ordem DeMolay de Santa Catarina, em Blumenau/SC, com 18 membros;
Regularização de 71 membros junto ao Supremo, sendo 54 Ativos e 17 Seniores, atingindo a liderança em Santa Catarina e estando entre os 5 maiores do Brasil;
Iniciação de 10 novos DeMolays, uma das maiores levas de iniciáticos da história do Capítulo;
“Profissionalização” da gestão, com pesquisas no início e fim da gestão, apresentação estruturada do plano de gestão, gestão de tarefas e comunicação via e-mail do Capítulo;
-Produção da “Apresentação das Comissões”, documento elaborado de forma colaborativa, onde os presidentes descrevem a sua comissão, elencam as atividades-chave, o perfil padrão e/ou esperado de um integrante, além das ferramentas utilizadas para suas atividades. A ideia era que, nas gestões seguintes, cada comissão desenvolvesse um guia, mais completo, especificamente sobre a sua área; o
-Adesão ao Google for Nonprofits, onde o Capítulo obteve a G Suite, de forma gratuita e por tempo indeterminado;
-Estruturação de processo e regras para pedido de verba da Tesouraria;
Criação da sindicância coletiva, confraternização antes do escrutínio de iniciação onde todos os membros do Capítulo podem conhecer os indicados para ter mais embasamento para a votação, além do relato dos indicantes e sindicantes;
Realização de Torneio Ritualístico interno do Capítulo, com participação de 6 iniciáticos da gestão 2015/1 (fez parte do processo de elevação) e 4 membros Grau DeMolay;
Utilização do sistema de apadrinhamento para capacitação dos membros, onde os secretários de comissão eram iniciáticos e eles quem respondiam pela comissão perante a auditoria, tanto cotidianamente quanto em reuniões;
Realização de uma filantropia por mês, com focos variados entre crianças (Escola José Jacinto Cardoso e Creche São Francisco de Assis), idosos (SEOVE) e centro de reabilitação (Recanto Silvestre);
-Estabelecimento de parceria com a Creche São Francisco de Assis para filantropias, na intenção de um vínculo contínuo e mais a médio-longo prazo;
Apresentação e discussão sobre a divisão e movimentos políticos da Ordem DeMolay;
-Participação na Sessão para recepção do Grande Mestre Internacional, em Florianópolis/SC, com 30 membros, sendo a maior delegação do evento;
Realização da primeira edição do Bingo Colonial Solidário, uma nova proposta de evento para arrecadação de fundos."
Atualizado em junho, 2020